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Manejo de Betta splendens

Manejo de Betta splendens

Conhecido popularmente como peixe de briga, o Betta splendens, recebeu este nome em função do seu habitat de origem. Fontes extra-oficiais contam que os primeiros exemplares foram capturados no “Sião” próximo ao local onde habitou, no passado, uma tribo de guerreiros indígenas chamada “Ikan Bettah”; registros informam a ocorrência do Betta em estado selvagem no Camboja, Tailândia, Península Malaia, Vietnã e parte do Sudeste Asiático.

Convém ressaltar que os Betta chamados selvagens, capturados na natureza, não possuíam a beleza dos Betta da atualidade. As cores exuberantes e iridescentes e os fantásticos padrões de nadadeiras foram conseguidos através de trabalhos genéticos, efetuados no exterior principalmente na China, Japão, Alemanha e EUA.

Um macho Betta saudável não permite que outro penetre em seu território, eriça o opérculo, abre as nadadeiras e se coloca em posição de ataque, mostrando suas mais belas cores. Caso sejam colocados juntos brigarão até que um dos peixes morra ou fuja do combate.

O Betta pertence a família dos Anabantídeos (também chamada de labirintídeos), cuja principal característica é que os peixes possuem um órgão acessório, chamado labirinto, situado na parte interna superior da cabeça, que lhe permite respirar o oxigênio atmosférico; por isso, podem sobreviver em pequenos vidros de maionese, azeitonas etc.

Manutenção:
Embora possam sobreviver em pequenos recipientes, a melhor forma de mantê-los será aquários, com um mínimo de dois litros d´água; desta forma damos-lhes mais comodidade e assim viverão mais tempo e mais saudáveis.

Os Betta vivem melhor em água alcalina com pH entre 7 e 7,4; preferem temperaturas altas tipo 27 a 30ºC. Quando colocados em água ácida geralmente ficam doentes podendo chegar a morrer pelo efeito da acidose.

Entre os alimentos que os Betta aceitam melhor podemos citar os seguintes:

- coração de boi ou de frango crus,
- fígado de boi cozido,
- raspas de carne,
- pequenas minhocas,
- larvas de mosquito,
- artêmia salina,
- enquitrérias,
- tubifex e
- patê.

No mercado pet existe também, uma gama de rações específicas para os Betta. É importante que a alimentação seja bastante diversificada.

Em caso da necessidade de mantê-los em pequenas beteiras ou vidros é importante que as trocas de água sejam freqüentes, se possível a cada dois dias, pois as sobras de ração, dejetos e a urina do peixe irão poluí-la, transformando-a num ambiente propício ao desenvolvimento de bactérias que por certo comprometerão a saúde do animal. Nada impede que façamos trocas da água das beteiras diariamente.

As fêmeas poderão ficar juntas num mesmo aquário, pois apesar de agredirem-se algumas vezes, as conseqüências geralmente não são relevantes.

Sempre que possível deve-se deixar que um macho veja outro ou deve-se colocar um espelho à sua frente, para que ele possa se exercitar e ficar sempre ativo.

Esses exercícios poderão ser mantidos durante duas ou três horas por dia. Não é conveniente que se vejam todo o tempo, pois, acabarão ficando estressados e esgotados e, assim, poderão perder a agressividade natural que os torna tão fantásticos.

É conveniente que os Betta tomem banhos de sol frequentemente, aumentando desta forma a capacidade da absorção do cálcio e proteínas pelo organismo do animal. Viverão mais tempo e ficarão mais saudáveis dessa forma.

Reprodução
Sugerimos a escolha de peixes saudáveis e jovens, que apresentem as cores brilhantes, barbatanas bastante desenvolvidas e que estejam muito ativos.

O aquário ideal para reprodução deverá possuir cinqüenta centímetros de comprimento por trinta centímetros de largura; a lâmina da água não deverá ultrapassar a dez centímetros de altura.

Procedimentos
Inicialmente o macho será colocado no aquário; a fêmea ficará dentro de um vidro, que por sua vez será colocado também dentro do aquário.

Coloca-se um tufo de plantas a um canto para servir de proteção à fêmea das agressões do macho; elódea, cabomba ou rabo de raposa poderão ser utilizadas.

Geralmente em menos de vinte quatro horas o macho terá construído um ninho feito de pequenas bolhas, utilizando-se da própria saliva.

Acasalamento
Quando o ninho estiver pronto (sugere-se dois dias após o contato inicial) retira-se a fêmea do vidro, deixando-a ficar com o macho. Este irá fazer-lhe a corte, rodopiando ao seu redor, mostrando suas mais belas cores, tentando atraí-la para baixo do ninho.

A fêmea, geralmente não o aceita de imediato; então ele passa a atacá-la com mordidas e batidas, direcionadas a região do seu ventre, no local onde ela tem os ovócitos. Alguns machos são muito violentos chegando algumas vezes a matar a fêmea, por isso é que deve haver um refúgio onde ela poderá se esconder.

Geralmente entre vinte quatro a quarenta e oito horas a fêmea cede e juntos passam a nadar embaixo do ninho preparando-se para o acasalamento.

O Abraço Nupcial
A fêmea ficará submissa à vontade do macho.

Com a cabeça um pouco inclinada para baixo, o macho lhe dará um abraço, apertando-a, fazendo com que os ovócitos sejam liberados e fecundando-os imediatamente após a expulsão.

A cada abraço ela libera entre um a dez ovócitos, que serão imediatamente fecundados pelo macho, que os apanha e coloca no ninho. O processo se repete muitas vezes até que a fêmea não tenha mais ovócitos, quando o macho a expulsará.

Neste momento devemos então retirá-la e trata-la com um fungicida pois, ela vai estar bastante debilitada.

O macho cuidará dos ovos que eclodirão em cerca de vinte e quatro horas e deverá ficar cuidando dos filhotes até que eles comecem a nadar na horizontal (mais ou menos entre o terceiro e o quinto dia de nascidos), quando então deverá ser retirado.

Caso o macho não seja retirado poderá vir a comer os filhotes restando no final poucos exemplares. Entende-se que os machos eliminam os peixes mais fracos, fazendo assim uma seleção na qual ficarão para a próxima geração somente aqueles mais saudáveis, garantindo assim a perpetuação da espécie.

Os Alevinos (filhotes)
A seguir relacionaremos alguns cuidados que deverão ser observados para a correta manutenção dos alevinos:

- não deverão apanhar ventos ou correntes de ar;
- não deverá ser trocada a água antes dos dez dias de nascidos; após os dez primeiros dias deve-se adicionar uma quantidade de água igual à evaporada naquele período. A partir do décimo quinto dia poderá ser adicionado um centímetro de água nova por dia até o máximo de trinta centímetros de altura.
- não deverão ficar expostos a temperaturas inferiores a 25º C, sendo a temperatura ideal para os alevinos entre 28 e 30ºC.

Alimentação
Até o terceiro dia de nascidos não deverá ser ministrado qualquer tipo de alimento, pois se alimentarão do próprio saco vitelino.

Terceiro dia de nascidos – infusórios, que são microorganismos (protozoários) obtidos da seguinte forma: coloca-se um vidro de boca larga, tipo de maionese, com uma água retirada de um aquário equilibrado biologicamente, adiciona-se algumas cascas de nabo ou uma folha de alface seca; em aproximadamente cinco dias teremos colônias de microorganismos que porerão ser servidos aos alevinos três vezes ao dia.

Quinto dia de nascidos - poderá ser fornecido náuplios de artêmia recém eclodidas; no mínimo três refeições ao dia.

Sétimo dia de nascidos – poderá ser fornecido também, microvermes, alternando-se com os náuplios de artêmia – um mínimo de três refeições diárias.

Décimo quinto dia de nascidos – poderá ser fornecido enquitréias, alternando-se com os microvermes e os náuplios de artêmia – um mínimo de três refeições diárias.

Trigésimo dia de nascidos – a partir desta data poderão comer artêmia adulta, enquitréias, raspas de coração de boi e patês. Os alimentos industrializados poderão der ministrados gradativamente – um mínimo de três refeições diárias.

Importante: a excelência da alimentação nos primeiros trinta dias irá influenciar diretamente na performance do Betta no futuro, por isso é que insistimos em “no mínimo três refeições diárias”. Os “betinhas deverão estar sempre com as barriguinhas cheias... parecendo uma bolinha”. Peixes mal nutridos neste período dificilmente serão excelentes quando adultos.

Separação dos Filhotes Machos
A partir de dois meses e meio de nascidos os machos mais desenvolvidos começarão a diferenciarem-se dos demais, pelo aparecimento de cores em seu corpo e o desenvolvimento das principais nadadeiras.

Neste período começarão a mostrar sua agressividade através de pequenas pelejas – encarando-se, abrem os opérculos e se colocam em posição de ataque. Poderão ser mantidos juntos, mas começarão a morderem-se comendo as nadadeiras uns dos outros; é conveniente separá-los em recipientes individuais.

O Betta e as Larvas de Mosquitos
O Betta é um excelente comedor de larvas de mosquitos, chegando a devorar num único dia cerca de duzentas.

Por ter a possibilidade de adaptar-se a água pobre em oxigênio, está sendo utilizado por entidades governamentais, no combate a dengue e outras enfermidades transmitidas por picadas de insetos, sendo colocados em brejos e valas, principalmente no nordeste do Brasil.

Têm sido colocados também em caixas de água residenciais, com o objetivo de comer larvas de mosquitos, possíveis transmissores de doenças.